terça-feira, 25 de agosto de 2009

Casar? Que coisa mais gay!

Deco Ribeiro*



“Não há dúvida: gays e lésbicas estão se tornando cada vez mais conservadores.”

 – Ricardo Freire, Revista Época, 8/03/2006 - 


E não é que é verdade? Enquanto a maioria dos jovens heteros pensa mais em sua carreira profissional do que em casamento – no máximo um “morar junto” –, gays e lésbicas do mundo inteiro esperneiam pelo direito de se casar de papel passado. 
Muitos passam horas na fila em São Francisco e em outras cidades onde esse direito foi recém-liberado, só para poderem finalmente dizer o “sim” diante de algum oficial de justiça. Esse assunto está tão explosivo nos EUA que muitos analistas garantem que esse vai ser o assunto da campanha presidencial americana deste ano! Que Guerra do Iraque o quê! Desemprego? Recessão? O povo quer saber mesmo é se vai ter ou não casamento gay.
E não é só lá fora! Aqui no Brasil a justiça do Rio Grande do Sul acabou de mandar os cartórios regulamentarem o registro de uniões afetivas. Tem muita gente soltando fogos já, por antecipação (eu incluisve, admito), mas é melhor ir devagar com o andor: esse é um contrato que simplesmente comunica o Estado que estes dois homens (ou duas mulheres) têm um relacionamento estável. Não chega a ser um “casamento no civil”, como chegou até a sair na imprensa. Se bem que, na prática, muitas das vantagens oferecidas aos casais por lei pode vir a ser conseguida pelos casais gays registrados desse modo. De posse desse documento, bastaria entrar na justiça para conseguir benefícios em planos de saúde e disputas de herança – com grandes chances de sucesso, segundo advogados. 
Claro, nem tudo é arco-íris. Já existe uma Frente Parlamentar Evangélica que promete lutar contra o casamento gay no Congresso, e isso reflete um pensamento religioso generalizado que se arrepia só de pensar na idéia de um casal só de homens ou só de mulheres. Como se isso importasse a algum deles! 
Gente, o casamento gay é apenas uma questão de bom senso. São duas pessoas, livres para fazer o que bem entendem, e casar, já que é uma decisão que não afeta mais ninguém,  deveria ser um direito e ponto. 
O engraçado foi como a coisa aconteceu... Meio que de mansinho, o assunto foi chegando, foi chegando e de repente tava aí, a coisa meio que já liberada e tal. Muito ativista gay ficou perplexo (eu fiquei!) com isso. O que um pouco de atitude não faz, né? Felizmente, a sociedade, os governos e a justiça já está percebendo isso – mas antes tarde do que nunca. This is the way the world ends, not with a bang but a whimper...**
Imaginem o mundo daqui a 50 anos... Os poucos casamentos heteros que ainda existiam já acabaram, por morte ou divórcio. Porém, finalmente liberado em todo o mundo e oficializado até na Igreja Católica, o casamento gay prospera. Enquanto os heteros se matam de trabalhar, se estressam e têm enfartes, os gays e lésbicas criam seus filhos, levam-nos ao mais novo filme da filha da Sasha e lotam os supermercados na véspera da Páscoa. Finalmente casados, os gays sossegam, as Paradas diminuem de tamanho, acabando até por desaparecer. Gays ficam em casa vendo Fantástico e vão dormir cedo, enquanto os heteros se acabam em boates, drogas e promiscuidade.
E se algum menino hetero diz pros amigos que pensa em se casar com uma garota um dia, vai ouvir dos colegas: “Casar? Que coisa mais gay!” =)

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